domingo, 7 de setembro de 2008

O mito no palco.

Finalmente aconteceu o show de João Gilberto em Salvador. Foram semanas de expectativa, aflições para se conseguir as entradas, especulações quanto à sua presença no palco, e até mesmo bolsas de apostas no foyer quanto ao tempo de atraso. Foram 70 minutos , o que não surpreendeu nem irritou a platéia. Joãozinho entrou desaquecido, murmurou desculpas pouco audíveis e começou a dedilhar seu violão em meio às costumeiras queixas quanto ao microfone, ajuste do som, etc. A ansiedade no ambiente era grande: tratando-se dele, sempre se espera o pior. Entretanto, o espetáculo foi crescendo e tomando forma, e estar presente foi mesmo um privilégio. À sua maneira tímida e de pouicas palavras, o artista divertiu a platéia com pinceladas de histórias e memórias compreendidas com dificuldade - além de ele falar baixo, o som estava baixo também - mas amplamente aplaudidas mesmo assim. Era muito interessante observar que João canta para seu próprio deleite. Não há roteiro, direção ou setlist: ele canta o que quer e como quer. Nos momentos que desejou, após concluir a música tocou-a outra vez, com harmonia um pouco diferente. Por adorar a canção italiana Estate, cantou-a uma segunda vez, desta traduzindo os versos que mais o encantam, como para dividir o prazer com o público. O astro naturalmente reclamou daquele ventinho que sempre sopra na cabeça dele, e parece persegui-lo, seja em Tóquio, Berlim ou NY, e que já é folclore. Ele conquistou o direito de expor suas idiossincrasias! A performance em algumas canções foi fraquinha, mas se redimia em seguida com interpretações magistrais como as de Desafinado, O Pato, Retrato em Branco e Preto, e outras onde comprovou que é único no seu estilo. Levando-se em conta só o show, se diria que o público exagerava nos aplausos, mas na verdade ali se batiam palmas gurdadas há muito tempo, para uma carreira lindamente consagrada.

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"Se alguém cruzar seu caminho, não pergunte de onde veio, e sim para onde vai, para ver se podem ir juntos" frase de meu pai, simplificado de algo que leu de Nietsche.



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